sábado, 6 de dezembro de 2008

Os olhos

Há um caminho dentro de mim,
que ninguém jamais percorreu.
Este caminho é confuso,
para quem seu mistério tenta desvendar.
De início, sua beleza é indiscutível.
Mas, se acreditando na aparência
que esconde a dor, insiste continuar,
tudo se transforma...

Há um lago nesse caminho,
um lago que nunca consigo atravessar.
Quando chego perto dele, tem os olhos
que me encaram.
Eu não sei o que eles pedem,
Mas, sei que querem algo.

Se toco com a ponta dos dedos, apenas toco,
os olhos estremessem, como se quisessem chorar,
como se quisessem partir, com as infinitas ondas leves,
tão leves que parecem querer voar.

Mas quem voa são os pássaros,
os olhos ficam alí, parados,
num leito profundo de prata,
sem nada poder falar.

Anne Moraes,
1994

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