quinta-feira, 28 de abril de 2011

Tenho aprendido...

A transformar críticas em conselhos, por mais dolorosas que sejam.
O que não deve ser feito ao outro e o que não devo permitir que façam comigo.
A descobrir meus limites e a respeitar os limites que me são estabelecidos nas relações.
Que conquistas levam tempo e exigem constante aprimoramento.
Que o mais nobre dos aprimoramentos humanos se inicia quando começamos a confrontar nossas falhas com tudo que nos é externo e a reconhecer as falhas externas que se confrontam com o que somos em essência.
O quanto é difícil ser tolerante às diferenças e que essa deve ser uma das práticas mais estimuladas ao longo da vida; no contato com as diferenças estão os maiores aprendizados.
A amar e a cuidar – coisas bem distintas - das pessoas que escolho para estarem ao meu lado.
Que a maior dor não é aquela causada pelos erros cometidos pelos que amamos, mas sim, não nos sentirmos amados por quem tanto amamos.
Que temos que nos realizar ao longo da vida, seja qual for nosso ideal de realização, sob pena de morrermos com uma profunda e irreparável sensação de vazio.

Poly Anne, 2009.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Pensamento sobre "Resposta a Oscar Wilde que impõe o silêncio'', escrito por Adelia Miglievich.

Adelia querida!
Hoje me fez chorar feito criança sem alento diante de sua "Resposta a Oscar Wilde que impõe o silêncio''.

Quantas vezes nos deparamos com o não querer se mostrar alheio?
Com o outro fechado em sua concha de aço?
Tantos desencontros...
Que dor causa amar e não conseguir entender por que o ser amado não nos permite mergulhar o mais profundo em sua essência até que fiquemos sem ar!
Por que não conseguimos superar os limites, nos elevar?
Amar tanto e tanto e ver o ser a quem queremos tão bem se afastando, se fechando, “precipitadamente emudecendo”.
Como dói querer dizer o que ainda não saiu do casulo dos sentimentos, esse lugar onde geramos e alimentamos o mais puro amor, que só depois, no tempo certo, poderia ser exposto às oscilações da vida.
Mas então, a impaciência é tanta, que o outro já se foi.
Não quis falar, não quis união.
Decidiu continuar um, andando só pela floresta.
O que fazer?
Não podemos senão aceitar tal escolha e seguir amando e tentando entender apesar da desistência precipitada.
Quem sabe no nosso percurso, já mais maduros, encontremos aquele que esteja disposto a nos ensinar quando não formos capazes de entender?
Sem cobranças,
De comum acordo poderemos mutuamente mergulhar.
E, quando emergirmos, falaremos por anos a fio, até que estejamos próximos do rito final, sobre as maravilhas que vimos nesses oceanos que somos nós.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Maturidade

Quando a necessidade de me mostrar for menor que a de somente ser, estarei preparada.

Terezinha

Composição : Chico Buarque

O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e assustada, eu disse não
O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e assustada, eu disse não
O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro dentro do meu coração

Letra da música que inspirou o título do blog

Pedaço de mim
Chico Buarque/1977-1978
Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque


Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus